31 outubro 2011
30 outubro 2011
Lya Luft
Um anjo vem todas as noites:
senta-se ao pé de mim, e passa
sobre meu coração a asa mansa,
como se fosse meu melhor amigo.
senta-se ao pé de mim, e passa
sobre meu coração a asa mansa,
como se fosse meu melhor amigo.
Esse fantasma que chega e me abraça
(asas cobrindo a ferida do flanco)
é todo o amor que resta
entre ti e mim, e está comigo.
29 outubro 2011
Adoro esse filme - Cidade dos Anjos...
"Prefiro ter sentido seu cabelo uma vez,
Prefiro ter tocado sua mão uma vez,
Prefiro ter lhe beijado uma vez,
Do que passar a eternidade sem isso!"
(Cidade dos Anjos)
Clique para ouvir a música.
28 outubro 2011
27 outubro 2011
Mário Quintana - A Canção do Dia de Sempre
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana
26 outubro 2011
Lya Luft - Lembro-me de ti
Lembro-me de ti
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.
Se é só isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.
Se é só isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.
Lya Luft
Clique para ouvir a música
http://www.aguiamidis.com/musicas/Amigos/El@/AMEDEO_MINGHI_La_Vita_Mia_KM.mid
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http://www.aguiamidis.com/musicas/Amigos/El@/AMEDEO_MINGHI_La_Vita_Mia_KM.mid
25 outubro 2011
António Feijó - A Armadura
Desenganos, traições, combates, sofrimentos,
Numa vida já longa acumulados, vão
— Como sobre um paul contínuos sedimentos,
Pouco a pouco envolvendo em cinza o coração.
E a cinza com o tempo atinge uma espessura
Que nem os mais cruéis desesperos abalam;
É como tenebrosa, impávida armadura
Ou couraça de bronze em que os golpes resvalam.
Impermeável da Inveja à peçonhenta bava,
Nela a Calúnia embota os seus dentes ervados;
Não há braço que possa amolgá-la, nem clava
Que nesse duro arnês se não faça em bocados.
E no entanto, através dessas rijas camadas,
Ou rompendo por entre as juntas da armadura,
Escorrem muita vez gotas ensanguentadas
Que o coração verteu dalguma chaga obscura...
António Feijó
Numa vida já longa acumulados, vão
— Como sobre um paul contínuos sedimentos,
Pouco a pouco envolvendo em cinza o coração.
E a cinza com o tempo atinge uma espessura
Que nem os mais cruéis desesperos abalam;
É como tenebrosa, impávida armadura
Ou couraça de bronze em que os golpes resvalam.
Impermeável da Inveja à peçonhenta bava,
Nela a Calúnia embota os seus dentes ervados;
Não há braço que possa amolgá-la, nem clava
Que nesse duro arnês se não faça em bocados.
E no entanto, através dessas rijas camadas,
Ou rompendo por entre as juntas da armadura,
Escorrem muita vez gotas ensanguentadas
Que o coração verteu dalguma chaga obscura...
António Feijó
('Sol de Inverno')
24 outubro 2011
Alberto Caeiro - Hoje de Manhã Saí Muito Cedo
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava
nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre —
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro
(Fernando Pessoa)
Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre —
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro
(Fernando Pessoa)
23 outubro 2011
Eugénio de Andrade – É Assim a Música
A música é assim: pergunta,
insiste na demorada interrogação
- sobre o amor?, o mundo?, a vida?
Não sabemos, e nunca
nunca o saberemos.
Como se nada dissesse vai
afinal dizendo tudo.
afinal dizendo tudo.
Assim: fluindo, ardendo até ser
fulguração – por fim
o branco silêncio do deserto.
fulguração – por fim
o branco silêncio do deserto.
Antes porém, como sílaba trémula,
volta a romper, ferir,
acariciar a mais longínqua das estrelas.
volta a romper, ferir,
acariciar a mais longínqua das estrelas.
Eugénio de Andrade
22 outubro 2011
Mário Quintana
"Para sempre é muito tempo.
O tempo não pára!
Só a saudade é que faz
as coisas pararem no tempo..."
Mário Quintana
21 outubro 2011
20 outubro 2011
Marco Antonio Solís - Dónde Estará Mi Primavera
Yo te debo tanto,
tanto amor que ahora,
te regalo mi resignación.
Sé que tú me amaste,
yo pude sentirlo.
Quiero descansar en tu perdón.
Voy a hacer de cuenta
que nunca te fuiste,
que has ido de viaje y nada más.
Y con tu recuerdo,
cuando esté muy triste,
le haré compañía a mi soledad.
Quiero que mi ausencia,
sean las grandes alas,
con las que tú puedas emprender
ese vuelo largo,
de tantas escalas,
que en algún lugar puedas perder.
Yo aquí entre la nada
voy a hablar de todo.
Buscaré a mi modo continuar.
Y hasta que los años
cierren mi memoria
no me dejaré de preguntar:
¿Dónde estará mi primavera?
¿Dónde se me ha escondido el sol,
que mi jardín olvidó,
y el Alma me marchitó?
- (En vivo: Una noche en Madrid -2007)
Tradução
Onde Estará Minha Primavera
Eu te devo tanto,
tanto amor que agora,
te presenteio com minha renúncia.
Sei que você me amou,
Eu pude sentir.
Quero descansar em teu perdão.
Vou fazer de conta
que você nunca se foi,
que foi de viagem e nada mais.
E com tua lembrança,
quando estiver muito triste,
farei da solidão minha companhia.
Quero que minha ausência,
sejam as grandes asas,
com as quais você possa se desprender
esse vôo alto,
de muitas escalas,
que em algum lugar possa se perder.
Eu aqui entre o nada
vou falar de tudo.
Procurarei continuar do meu jeito.
E mesmo que os anos
apaguem da minha memória
não deixarei de perguntar:
Onde estará minha primavera?
Onde o sol se escondeu,
que se esqueceu do meu jardim,
e a alma se foi.
(Marco Antonio Solís Sosa)
Clique para ouvir a música.
19 outubro 2011
Álvaro de Campos - Começa a Haver
Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
18 outubro 2011
Clarice Lispector
- Quando a gente se revela,
Os outros começam a nos desconhecer.”
Clarice Lispector
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